quinta-feira, 5 de junho de 2008

A evolução da sociedade

Hoje pretendíamos falar sobre a reunião da FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, que está acabando hoje na Itália. Particularmente a declaração do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki Moon. Segundo ele, é preciso aumentar em 50% a produção agrícola mundial para que existam alimentos suficientes para todos os humanos nas próximas décadas.

Consideramos essa declaração infeliz, pois ela deixa de considerar:
- o desperdício de alimentos,
- a má distribuição dos alimentos - por que em alguns países há tantos obesos e em outros pessoas morrem por inanição?,
- o elevado crescimento populacional da espécie humana.

***

Mas ao ler sobre a situação encontrada pelos fiscais do Ministério do Trabalho no Rio Grande do Norte, a partir de denúncias do Conselho Tutelar local, sabíamos que o assunto de hoje era outro.
Apesar do assunto hoje já estar muito mais difundido do que a 10 anos atrás, ainda é díficil discutir sobre as questões relativas ao sofrimento dos animais e sobre o impacto de tais comportamentos violentos em nossa sociedade.

Quando estudamos sobre a Revolução Industrial geralmente os livros trazem comentários sobre as condições degrandantes a que os trabalhadores eram submetidos: as jornada de trabalho extenuantes, más condições de higiene, ambiente insalubre, salários ridiculamente baixos, sempre em nome do desenvolvimento capitalista. Mas ao ler os trechos abaixo, percebemos que a distância entre os séculos XVIII e XXI é bem menor do que imaginamos.

Trecho publicado hoje na Folha de São Paulo:

"No matadouro de João Câmara, assistimos às mortes mais brutais dos bois. O animal era puxado por uma corda por um adolescente, que lhe cobria os olhos com um pano e outro marretava a cabeça do animal, errando várias vezes, fazendo o animal gritar de dor", diz trecho do relatório do Ministério do Trabalho.


Esse trecho está no site do jornal O Globo:

De acordo com a fiscal Marinalva Cardoso Dantas, a situação das crianças em todos os matadouros e na feira-livre era extremamente degradante, no entanto, no matadouro de Nova Cruz a situação era ainda pior.

- No local havia mais crianças e adolescentes do que adultos trabalhando sobre resíduos de fezes e sangue dos bois abatidos. Os meninos eram encarregados de lavar o sangue dos animais impregnados no chão com uma mangueira. Com a mesma mangueira as crianças matavam a sede - explicou a fiscal.


Trecho do site EcoDebate:

Um adolescente de 17 anos afirmou aos fiscais que bebia sangue dos bois para matar a sede. Outra menina, de 15 anos, que retirava fezes das tripas disse que recebia em produtos para levar para casa. “Em alguns casos, o pagamento é em comida que você dá normalmente para o cachorro”, afirmou Marinalva Cardoso Dantas, coordenadora das ações de fiscalização. Na foto abaixo, criança pisa em couro de boi no processo de curtimento.


No Blog do Sakamoto há fotos tiradas da fiscalização mostrando as condições de trabalho do local.

Nenhum comentário: