É importante esse enfoque na continuidade do trabalho iniciado nas conferências, já que de nada adianta tanto discutir se as deliberações não forem implementadas.
Pensando nisso, o MMA e o Ibama promoveram até essa semana uma rodada de avaliações estaduais da conferência. Nelas, os delegados tiveram a oportunidade de discutir a conferência sob vários aspectos: organização, produtividade das discussões, metodologia e mesmo a necessidade de implementação das deliberações.
As avaliações foram sem dúvida positivas, mas nós aqui do blog vamos destacar apenas um, dos vários que poderiam ser apresentados: o comprometimento.
Sabe quando surge uma viagem de férias? A empolgação toma conta de todos, fazemos planos, programação de atividades, os lanches, arrumar a mala, todos felizes, numa excitação só. Se o passeio for para a praia então, ninguém consegue dormir. E todo o processo continua, a viagem começa, alguns incidentes acontecem, e na volta, estamos destruídos, acabados, sem forças. As conferências não são muito diferentes: o projeto é ótimo, a oportunidade de discutir, apresentar soluções, vamos nos unir que agora as coisas vão dar certo. Começa a organização, que não é fácil, os encontros começam a ter debates tensos, podem acontecer pequenas rusgas, alguns podem voltar para casa contrariados e desanimados. Outros podem até perder o encanto, achar que as coisas não tem solução. E isso pode ser detectado na avaliação.
Primeiro, porque nem todos os delegados comparecem, por diferentes motivos: desencantamento, por não representarem mais a entidade em nome da qual compareceram a conferência, motivos pessoais..., mas para nós, isso demonstra uma aspecto importante da questão ambiental: comprometimento. Quem realmente está comprometido com a questão ambiental? Talvez isso demonstre a eleição para os delegados não levou aos representantes mais indicados.
Houve mudança de prefeito ou de orientação política da administração de sua cidade, é possível, mas a pessoa que compareceu a conferência não foi simplesmente contemplada com uma viagem a Brasília, ela assumiu um compromisso com a presente e as futuras gerações, um compromisso com a nossa Mãe Terra, que não pode ser manchado por questões políticas locais.
Foi providenciado hospedagem e alimentação para os delegados, então a desculpa de motivo financeiro não cola. E o pior, nem a pessoa que foi era comprometida o suficiente, e nem a atual administração municipal, que deveria enviar outro representante então, afinal de contas, se alguém foi demitido, outra pessoa assumiu suas obrigações...
É muito frustante que isso tenha acontecido em alguns lugares, pois essas conferências custaram dinheiro, e dinheiro público, dinheiro que sai do bolso de todas as pessoas ao pagarem seus impostos. Nós não pagamos nossos impostos para ver nosso dinheiro ser desperdiçado. Pessoas dedicaram muito de seu tempo nessa organização, quantas viagens foram realizadas (já pensaram na quantidade de gases causadores do efeito estufa que foi produzida ao longo de todos esses eventos?), e tudo isso não servir para nada? É inaceitável.
Por isso, cabe a todos nós lermos as deliberações da conferência e verificar se elas estão sendo concretizadas no nosso bairro, na nossa escola, em nossa cidade. Economicamente falando, ou melhor, na sábia filosofia do Tio Patinhas, não podemos desperdiçar nosso rico dinheirinho!
O Caderno de Deliberações traz o nome dos delegados eleitos. Quem representou a sua cidade, você conhece? Ele participou da avaliação e continua comprometido com os ideais que motivaram todo o processo?